quarta-feira, 1 de maio de 2013

ESPAÇO ESCOLAR, ESPAÇO DE CULTURAS



A relação entre crianças de tipos diferentes: brancas, negras, gordas, magras, altas, baixas etc. pode ser tensa em sala de aula, pois pode haver um discurso discriminatório que incorporado por algumas crianças, pode trazer comportamentos introvertidos.
O cotidiano escolar pode apresentar estereótipos que atendam em arte o padrão dominante. Essas imagens são passadas para crianças e jovens que incorporam facilmente o estereótipo de uma ideologia dominante e intensificando uma inferioridade de alguns grupos. De acordo com Ana Célia da Silva (1989 – pg56) “a inculcação do estereótipo inferiorizante visa produzir a rejeição em si próprio, do seu padrão estético, bem como de seus semelhantes.”
A diversidade entre grupos tornam-se pontos de conflito, pois de um lado existe um eu que pensa igual e vive de modo “estável”. Do outro lado, existe um outro, que não pensa como eu e “desestabiliza” a aparente “ordem”.
A palavra ordem aqui vista como estabilidade ou manutenção de um esquema social. Aqui existem dois olhares: A sociedade do eu, tudo o que for mais civilizado X A sociedade do outro, marcada por idéias etnocêntricas que se caracterizam como primitivas, não humanizadas, ou seja, um intruso que trará desordem. Aqui a desordem é vista como destruição e para que isso não ocorra, o eu busca a neutralização do outro, pois mantendo o outro excluído e dominado, permanece uma ilusão de equilíbrio. A ordem é vivida na ausência da diferença.
Na interação entre o eu e o outro, entramos em uma dimensão desconhecida, desestabilizando as estruturas já vigentes e formando novas estruturas, gerando transformações e cooperações entre grupos. Esse processo atribui a construção de uma nova ordem social.
O espaço escolar foi organizado para cumprir uma função social, ou seja, preparar um indivíduo para atuar na sociedade. Com isso, faz-se necessário manter ativos os controles sociais, ou seja, regras aplicadas ao cotidiano escolar que garantam a efetivação do processo educativo.
A escola como espaço institucional, faz-se a pergunta: “Que tipo de cidadão se constrói nesse espaço?” Para responder a essa pergunta, temos de olhar o tipo de ensino administrado nessa escola. O que vemos é um ensino pautado em padrões que atendem as necessidades de um grupo dominante, desconsiderando a pluralidade cultural. Na prática, é uma “imposição” de valores dominantes e conseqüentemente, a utilização de recursos que variam desde a retaliação ou punição até a segregação e marginalização de grupos considerados “outros”.
Dentro do ambiente escolar, temos de trabalhar o “eu” e o “outro”, discutindo as diferenças entre eles, para a construção das relações sociais. Repensar o currículo é redimensionar  as ações que superem essa crise de socialização.
O primeiro passo é a conscientização de todos os envolvidos no processo e a compreensão das dificuldades na vida coletiva. Incluir no currículo, a reflexão, a discussão e o entendimento dos conceitos de identidade como: gênero, etnia, sexualidade, tolerância, preconceito, descriminação, violência etc.
A formação do indivíduo, para a vida e para o mercado de trabalho está baseada, cada vez mais na obtenção de habilidades, atitudes e valores. Não é mais só informação, mas sim conhecimento de si e do outro. Como agir com esses conhecimentos. Ai está o diferencial e este só será construído através da Educação.